Manaus – As organizadoras do movimento #ForaDavidAlmeida, Pietra e Jéssica, anunciaram neste início de semana a saída da administração do grupo alegando motivos de segurança. Ambas relataram que vêm sofrendo ameaças graves, incluindo mensagens e ligações que chegaram a mencionar o nome da filha de Jéssica, uma criança.
Em nota divulgada nas redes sociais, as ativistas informaram que, apesar do afastamento, os protestos previamente agendados estão mantidos e deverão ocorrer de forma pacífica. As manifestações visam criticar a gestão do atual prefeito de Manaus, David Almeida.
“Recebemos várias ligações e mensagens de ameaças, inclusive falando o nome da filha da Jéssica. Prezamos pela nossa segurança e, principalmente, pela segurança da criança”, diz o comunicado.
“Não vamos expor nada aqui de áudio e prints, pois tomaremos as medidas cabíveis com a polícia.”
As manifestações continuam confirmadas para os dias 25 de abril, às 16h, em frente à Prefeitura de Manaus, e 1º de maio, também às 16h, na Ponta Negra. Pietra e Jéssica afirmaram que comparecerão como cidadãs, mas não mais na função de organizadoras.
O caso reacende discussões sobre os limites da liberdade de expressão, o direito à manifestação e o crescimento da violência política nas redes sociais, especialmente contra mulheres e jovens lideranças.

Liberdade de expressão em xeque: dois pesos, duas medidas?
A situação das organizadoras contrasta com outro caso recente que gerou grande repercussão. No último domingo (20), Wendell Nascimento, de 34 anos, foi preso após publicar em uma rede social ameaças contra a neta do prefeito David Almeida. O suspeito teria afirmado que iria “queimar” a menina, o que levou à sua rápida detenção por parte das autoridades.
O episódio levantou questionamentos nas redes: por que as ameaças contra as ativistas ainda não tiveram a mesma resposta das forças de segurança? Seguidores do movimento cobram isonomia na aplicação da lei e denunciam um possível favorecimento institucional quando as vítimas fazem parte da esfera política.
Entidades de direitos humanos e ativistas da sociedade civil têm manifestado solidariedade às jovens e alertam para o clima crescente de hostilidade contra vozes críticas, em especial em contextos de mobilização popular.
As autoridades ainda não se pronunciaram oficialmente sobre as denúncias de Pietra e Jéssica. Já os organizadores do movimento afirmam que continuarão pressionando por justiça e respeito aos direitos democráticos de protestar.