Plínio Valério cobra explicações sobre leilão de florestas no Rio Juma e denuncia favorecimento a ex-funcionário do MMA

19 de junho de 2025 às 15:07 - Horário de Manaus

Por Redação Vizinho TV Para o Vizinho TV

Brasília – O senador Plínio Valério (PSDB-AM) anunciou nesta quarta-feira (19) que irá protocolar, via Senado Federal, um pedido de informações ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e ao Ministério Público Federal (MPF) para que ambos esclareçam a legalidade do projeto que prevê o leilão de áreas de floresta ao longo do Rio Juma, entre os municípios de Autazes e Careiro Castanho, no Amazonas.

O senador denuncia que cerca de 7 mil moradores locais, incluindo ribeirinhos, pequenos agricultores e donos de pousadas de turismo de pesca esportiva, vivem sob o temor de perder suas terras e seus meios de subsistência, como já ocorreu com pequenos produtores rurais em outras regiões da Amazônia, vítimas de operações do ICMBio e do Ibama.

Ex-funcionário do MMA venceu licitação de R$ 350 mil para mapear área

Plínio também revelou um dado que considera “grave e inaceitável”: o vencedor do edital do Ministério do Meio Ambiente para realizar o levantamento técnico da área a ser leiloada é um ex-funcionário do próprio MMA, que receberá R$ 350 mil para fazer o mapeamento das árvores e da cobertura florestal.

Segundo ele, um barco com a equipe contratada já está navegando pela região para realizar o inventário da floresta, sem que nenhum dos moradores tenha sido consultado, em descumprimento à exigência prevista no próprio edital.

“É uma aberração. Para quem não conhece, o Rio Juma é um rio pequeno, lindo, que vive do turismo de pesca esportiva. De repente, querem transformar aquela floresta num produto para ser leiloado, entregue sabe-se lá a quem. Como será feita essa venda? Quem vai arrematar? Que critérios estão sendo usados?”, questionou o senador na tribuna.

Falta de consulta pública e risco para o modo de vida local

Plínio destacou que a comunidade ribeirinha da região, que há décadas vive e preserva o bioma, está sendo ignorada pelo poder público. Ele relatou que, ao saber da movimentação do barco na área, moradores procuraram a embarcação e, de forma pacífica, pediram que a equipe se retirasse, em protesto pela ausência de diálogo e transparência no processo.

O senador também cobrou a realização de uma audiência pública urgente, com a presença de representantes do governo federal e da comunidade local.

“Essas famílias estão ali há décadas, preservando o meio ambiente. Agora chega alguém, de fora, ganhando dinheiro para quantificar as árvores que eles ajudaram a conservar, sem sequer ouvi-los. O edital prevê consulta pública e isso não está sendo respeitado. O bioma do Juma é frágil, não suporta exploração predatória, seja para manejo de madeira, seja para crédito de carbono”, disse Plínio.

Perguntas que Plínio vai encaminhar ao governo

No pedido formal de informações, o senador exigirá respostas claras sobre:

  • Quem venceu a licitação e com base em quais critérios?
  • Qual a experiência técnica da empresa ou pessoa responsável pelo levantamento?
  • Quem autorizou o início do levantamento antes da consulta pública?
  • Como o Ministério do Meio Ambiente pretende garantir os direitos das comunidades locais?
  • O projeto prevê indenização ou regularização fundiária para os moradores afetados?
  • Existe estudo prévio de impacto social e ambiental?

Plínio encerrou seu discurso afirmando que não aceitará o avanço de projetos que ameacem a subsistência das populações tradicionais da Amazônia.

“Não podemos permitir mais uma injustiça com quem sempre preservou a floresta. Antes de leiloar qualquer coisa, o governo tem obrigação de ouvir essas pessoas”, finalizou.