Bolsonaro diz à PF que fez Pix de R$ 2 milhões para Eduardo nos EUA e alega perseguição judicial

06 de junho de 2025 às 00:33 - Horário de Manaus

Por Redação Vizinho TV Para o Vizinho TV

Depoimento do ex-presidente ocorre em meio à investigação do STF sobre atuação do filho em campanha contra ministros do Supremo

POLÍTICA (BRASIL) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou, em depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (5), que transferiu via Pix cerca de R$ 2 milhões ao seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para custear sua permanência nos Estados Unidos. Segundo Bolsonaro, os recursos foram enviados em maio para que o filho “levasse a vida” no país, onde realiza campanha internacional contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Botei um dinheiro na conta dele. Bastante até. E ele está levando a vida dele. Dinheiro limpo, legal, Pix”, disse Bolsonaro à PF. O ex-presidente negou que as sanções que o governo dos EUA estuda aplicar ao magistrado sejam consequência direta da atuação de Eduardo.

Eduardo Bolsonaro passou a ser formalmente investigado pelo STF em 26 de maio, após representação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o órgão, o parlamentar tem buscado influenciar autoridades americanas para impor sanções a integrantes do STF, do Ministério Público e da Polícia Federal, com o objetivo de dificultar o andamento do julgamento que corre contra seu pai, réu na Corte por tentativa de golpe de Estado.

“Perseguição” e críticas a Moraes

Durante o depoimento, Jair Bolsonaro voltou a afirmar que é alvo de uma “perseguição judicial” no Brasil. Ele também culpou o ministro Alexandre de Moraes por medidas que, segundo ele, afetaram cidadãos americanos e motivaram reações do governo dos Estados Unidos.

“Teve um gancho do X (ex-Twitter) por ocasião das eleições passadas. E também uma ordem de prisão do sr. Alexandre de Moraes contra uma brasileira com dupla cidadania nos Estados Unidos por ter tutano, algo que a equipe dele não gostou”, declarou o ex-presidente, sem apresentar provas.

Embora tenha reconhecido que o trabalho de Eduardo nos EUA inclui a denúncia do que bolsonaristas consideram abusos do STF, Bolsonaro negou que o filho esteja articulando sanções de forma direta.

“Não existe sancionamento de qualquer autoridade, aqui ou no mundo, por lobby. É tudo por fatos. Não adianta jogar isso nas costas dele”, disse.

Investigação contra Eduardo e apoio financeiro do pai

Eduardo Bolsonaro é investigado por possível coação no curso do processo penal, obstrução de investigações envolvendo organização criminosa e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. A PGR considera que Bolsonaro, pai é diretamente beneficiado pelas ações do filho e, por isso, solicitou sua oitiva.

“Determino que a Polícia Federal realize a oitiva de Jair Messias Bolsonaro, para que preste esclarecimentos a respeito dos fatos, dada a circunstância de ser diretamente beneficiado pela conduta descrita e já haver declarado ser o responsável financeiro pela manutenção do sr. Eduardo Bolsonaro em território americano”, afirmou Moraes na decisão que autorizou o depoimento.

Em entrevista ao UOL, Jair Bolsonaro já havia admitido ser o responsável por sustentar Eduardo nos EUA: “Eu estou bancando a despesa dele agora. Em grande parte, eu estou bancando. Se não fosse o Pix, eu não teria como manter essa ajuda, porque ele está sem salário lá fora”.

R$ 17 milhões via Pix em seis meses

Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), entre 1º de janeiro e 4 de julho de 2023, Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,1 milhões por meio de transferências via Pix. O montante foi movimentado por meio de 769 mil transações em um período de apenas seis meses. O dado é um dos elementos que levantaram suspeitas sobre movimentações financeiras atípicas nas contas do ex-presidente.

Bolsonaro nega envolvimento com Carla Zambelli

Ao deixar a sede da PF, em Brasília, Bolsonaro também negou ter qualquer relação com a saída do Brasil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que deixou o país pela Argentina com destino à Itália.

“Eu não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, está certo? Não coloquei dinheiro no Pix dela”, disse.