Manaus (AM) – O delegado Luís Fernando Alves Damasceno, do 18º Distrito Integrado de Polícia (DIP), ouviu nesta quinta-feira (20/03) o depoimento de um adolescente autista de 14 anos que foi agredido por um motorista no bairro Colônia Terra Nova, na zona Norte de Manaus. O jovem, que mora com a avó, esteve na delegacia acompanhada do advogado Vilson Benayon para relatar o ocorrido.
Segundo o adolescente, por volta das 11h da manhã de quarta-feira (19/03), ele saiu da escola e encontrou um amigo. Sentindo sede, ambos se dirigiram a uma loja de materiais de construção para beber água. No caminho, foram envolvidos por dois garotos desconhecidos.
“Um deles sugeriu ‘bora ali chutar o portão’, eu respondi ‘vou nada’. Me distraí por um momento e logo ouvi um barulho. Vi os três correndo e, por medo, também comecei a correr. Mas um homem me alcançou”, contou o jovem ao delegado.
O homem, identificado como Aldon Pinto de Oliveira, de 49 anos , é o dono da casa onde o portão foi chutado. O adolescente relatou que foi agarrado pelo pescoço e sofreu agressões físicas, incluindo meias no rosto e uma pancada na cintura com um pedaço de madeira. Além disso, Oliveira tentou arrastá-lo para dentro da residência e acusou de estar envolvido com o tráfico de drogas.
“Ele disse se os meninos da ‘boca’ tinham mandado eu chutar o portão. Com medo, acabei de dizer que sim. Ele me chamou de bandido”, declarou o adolescente.
As agressões só cessaram quando vizinhos intervieram e informaram ao agressor que o jovem era autista.
A avó do adolescente também prestou depoimento à polícia. Segundo ela, um homem bateu em sua porta perguntando pelo neto. Ao sair para ver o que estava acontecendo, encontrou uma mulher, que afirmou que o garoto havia chutado o portão de sua casa e queria imagens de câmeras de segurança como prova.
A senhora, no entanto, foi alertada por outra testemunha de que o seu neto havia sido agredido pelo dono da residência.
“O agressor entrou na minha casa chorando, pedindo desculpas. Ele disse que agiu pelo ‘instinto militar’ e armou uma emboscada, pois há três dias crianças vinham chutando o portão da casa dele. Foi quando decidiu registrar um Boletim de Ocorrência”, contou a avó à polícia.
Apesar das agressões, Aldon Pinto de Oliveira segue em liberdade. O caso está sendo investigado pela polícia, que analisará depoimentos e possíveis imagens de câmeras de segurança para esclarecer os fatos.
A situação gerou revolta entre familiares e moradores da região, que pedem justiça para o adolescente. A Delegacia do 18º DIP segue acompanhando o caso e poderá indiciar o agressor pelos crimes de lesão corporal e lesão corporal.