Politica – O empresário Cesar de Jesus Glória Albuquerque, proprietário da empresa C J Comércio de Produtos Alimentícios, foi detido pela Polícia Federal no Aeroporto de Manaus com R$ 1,2 milhão em dinheiro vivo. Durante o depoimento, ele apresentou como sede da empresa um endereço localizado em uma parada de ônibus, na comunidade Nova Jerusalém, às margens da BR-174, Km 179, no município de Presidente Figueiredo (AM).
Apesar da localização inusitada e da ausência de estrutura mínima, a empresa tem um contrato ativo de R$ 3,5 milhões com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Manaus, firmando relações com a gestão do prefeito David Almeida (Avante). O contrato foi assinado em 12 de agosto de 2024 e prevê o fornecimento de alimentos como leite condensado, biscoitos e macarrão, com validade de 12 meses.

Empresa sem funcionários e com dezenas de atividades
De acordo com o próprio empresário, a C J Comércio de Produtos Alimentícios foi fundada em 2018. Ele declarou à PF uma renda mensal de R$ 20 mil. No entanto, chama atenção o fato de que a empresa não possui nenhum funcionário registrado, apesar de estar cadastrada com mais de 40 atividades econômicas diferentes (CNAEs), um indicativo típico de empresas de fachada utilizadas em esquemas de lavagem de dinheiro ou desvio de verbas públicas.

Investigação avança sobre vínculos políticos
A Polícia Federal agora aprofunda as investigações sobre os contratos mantidos pela empresa com outras prefeituras, suspeitando que os valores apreendidos no aeroporto tenham origem em pagamentos fraudulentos ou propinas relacionados a contratos públicos.
Em nota, a PF afirmou:
“Não se descarta a hipótese de que os conduzidos procederiam algum tipo de pagamento de vantagem indevida em favor de agentes públicos no Distrito Federal.”
Até o momento, o prefeito David Almeida não se pronunciou sobre o caso, apesar do vínculo direto entre sua gestão e a empresa investigada.
Prisões e repercussão nacional
A prisão de Cesar Albuquerque ocorreu na noite de terça-feira, 20 de maio, no Aeroporto de Brasília, junto com outros dois empresários amazonenses. A operação gerou grande repercussão nacional, colocando sob suspeita a lisura dos contratos celebrados com recursos públicos da educação municipal.
A investigação agora busca identificar possíveis beneficiários dentro da administração pública e rastrear o caminho do dinheiro, reforçando indícios de corrupção, lavagem de dinheiro e uso de empresas de fachada para desvio de recursos.