MANAUS (AM) – A morte da biomédica Giovana Ribeiro da Silva, de 29 anos, grávida de nove meses, após cair de moto ao colidir com um buraco na avenida Djalma Batista, na Zona Centro-Sul de Manaus, trouxe à tona, mais uma vez, o grave problema crônico da cidade: a falta de manutenção das vias públicas e a proliferação diária de buracos, que transformam trajetos simples em armadilhas fatais.
Giovana voltava de uma consulta médica quando sofreu o acidente. A moto em que ela estava atingiu um dos inúmeros buracos da via, considerada uma das mais movimentadas e estratégicas para o tráfego da capital. Ela chegou a ser socorrida e encaminhada para uma maternidade, mas não resistiu aos ferimentos. O bebê também morreu.
Essa é a terceira morte registrada em menos de três meses por conta de acidentes diretamente relacionados às más condições das ruas de Manaus, todas ocorridas durante a atual gestão do prefeito David Almeida (Avante), que vem sendo duramente criticado pela população e pela oposição por conta da lentidão nas ações de recuperação asfáltica.
Histórico recente de vítimas fatais por buracos em Manaus:
- 1º de março de 2025: Um motociclista morreu na avenida Torquato Tapajós, no bairro Tarumã, Zona Oeste, após tentar desviar de um buraco. Segundo testemunhas, o homem perdeu o controle da moto ao frear bruscamente, bateu em um carro e morreu no local.
- 20 de maio de 2025: O idoso Josué Moreira de Albuquerque, de 64 anos, faleceu na avenida Camapuã, bairro Cidade Nova, Zona Norte. Ele retornava do trabalho quando se desequilibrou ao passar por um buraco sinalizado apenas com galhos e madeiras improvisadas por moradores. O impacto da queda foi fatal.
População cobra respostas
Moradores, motociclistas e até motoristas de carros de aplicativo têm usado as redes sociais para denunciar o “abandono asfáltico” em diversos bairros. Ruas esburacadas são registradas tanto em áreas periféricas quanto em corredores viários centrais, como Djalma Batista, Torquato Tapajós, Camapuã, Constantino Nery e Max Teixeira.
“A cidade virou um campo minado. Quem está de moto, corre risco de vida todos os dias”, comentou um motoboy durante protesto realizado por motociclistas em frente à sede da Prefeitura na última semana.
Gestão municipal na mira
Apesar de campanhas publicitárias que destacam o programa de recapeamento chamado “Asfalta Manaus”, a Prefeitura não consegue atender a demanda crescente de reparos. Em abril, o próprio Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) emitiu uma recomendação para que a gestão acelerasse o cronograma de obras emergenciais de tapa-buracos.
Nas redes sociais, o prefeito David Almeida tem sido criticado por priorizar agendas de eventos, inaugurações e até transmissões ao vivo em redes sociais, enquanto a população amarga os riscos diários de transitar por vias esburacadas.
Motociclistas: as principais vítimas
Dados da Polícia Civil do Amazonas e do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) mostram que, entre janeiro e junho de 2025, pelo menos 65% das vítimas fatais em acidentes de trânsito em Manaus eram motociclistas, grupo especialmente vulnerável à má conservação do asfalto.
Familiares e sociedade exigem Justiça
Familiares de Giovana, assim como parentes de outras vítimas, devem ingressar com ações judiciais contra a Prefeitura por omissão e negligência na manutenção das vias públicas. Especialistas em Direito Público ressaltam que o município pode ser responsabilizado por mortes decorrentes de falhas na infraestrutura urbana.
Enquanto isso, a população segue enfrentando, todos os dias, o que já foi apelidado por internautas como “o rally urbano de Manaus”.
