POLÍTICA – O senador Plínio Valério (PSDB-AM) rebateu nesta terça-feira (27) as acusações de sexismo feitas por apoiadores da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, após um episódio tenso ocorrido na Comissão de Infraestrutura do Senado. O parlamentar classificou a reação como uma tentativa de desviar o foco do debate real: a paralisação da pavimentação da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) e é considerada estratégica para o desenvolvimento da Região Norte.
Durante a audiência, a ministra Marina Silva abandonou a sessão após ser confrontada por senadores sobre a política ambiental de seu ministério, especialmente no que diz respeito à BR-319. Marina alegou ter sido vítima de um comportamento machista por parte do senador amazonense, o que gerou repercussão nas redes sociais e entre parlamentares.
Em plenário, Plínio se defendeu das acusações, reafirmando que respeita as mulheres, mas que isso não o impede de criticar autoridades públicas, independentemente do gênero:
“Sim, mulher eu respeito e sempre respeitarei, por dever e com prazer. Mas uma ministra que não respeita uma população inteira não tem o meu respeito, caramba!”, disse.
O senador acusou a ministra de ignorar os impactos sociais e econômicos da falta de infraestrutura na Amazônia, destacando que a suspensão das obras da BR-319 condena milhões de amazônidas ao isolamento e à pobreza.
“Ela ironizou a população amazônida ao dizer que queremos uma estrada para passear — como se passear não fosse um direito. Ela nos tira esse direito”, afirmou o senador.
Marina abandona audiência e promete ação judicial
Ao ser questionada sobre o veto ambiental à continuidade das obras da BR-319, Marina se exaltou, interrompeu a fala de Plínio e deixou a sessão, anunciando que irá processá-lo. A ministra alegou ter sido alvo de ataques misóginos, o que foi negado pelo senador.
“Querem judicializar? Que judicializem. Querem cassar meu mandato? Que tentem. Não fui eleito para me defender, fui eleito para defender o Amazonas. E é isso que farei até o último dia, com o apoio de quem quer desenvolvimento para nossa região”, declarou.
Plínio ainda comentou sobre o uso do termo “lacração” por parte de militantes políticos, dizendo que o debate ambiental não pode ser reduzido a uma disputa ideológica:
“Querem me colocar no olho do furacão? Beleza! Eu vou continuar defendendo o Amazonas. Quem quiser que lacre, quem quiser que me acuse. Ainda vão me tolerar por um ano e meio e, se for da vontade de Deus, por mais oito”, concluiu.
O impasse da BR-319
A BR-319 é uma das principais rodovias federais da Região Norte e sua pavimentação é defendida por políticos da Amazônia como essencial para a integração regional, escoamento de produção e acesso a serviços públicos. Por outro lado, ambientalistas, incluindo Marina Silva, alertam para os riscos de desmatamento e degradação ambiental associados à obra.
O projeto tem enfrentado embargos de órgãos ambientais, especialmente sob a gestão atual do Ministério do Meio Ambiente, o que tem gerado críticas de parlamentares da região, que veem uma postura ideológica e distante da realidade amazônica por parte do governo federal.