Nas últimas semanas, uma enxurrada de críticas nas redes sociais tem sido direcionada à chamada Igreja Contemporânea LGBT, que vem ganhando notoriedade por adotar práticas similares às de igrejas evangélicas tradicionais, porém com lideranças formadas por pessoas trans, travestis e outras identidades da comunidade LGBTQIAPN+. Os cultos, transmitidos principalmente por meio de vídeos no Instagram, mostram um número crescente de fiéis que se identificam com essa vertente religiosa, revelando uma busca por espiritualidade que respeite sua identidade de gênero e orientação sexual.
Entre os líderes dessa nova configuração está Felipe Freire, que se apresenta como pastor e compartilha sua experiência de fé e casamento homoafetivo. Em entrevista recente, Felipe destacou a importância da espiritualidade e dos valores morais dentro de sua relação:
“Tenho um casamento homoafetivo, sim, mas monogâmico. No meu lar não há espaço para adultério, pornografia ou libertinagem. Minha casa é revestida de oração e louvor. Sentam à minha mesa apenas aqueles que respeitam quem eu sou. Quem tem identidade firme não perde tempo atacando o outro. No fim das contas, a salvação é individual.”
Contudo, nem todos compartilham dessa visão. O pastor evangélico Hernandes, representante de uma linha mais tradicional da fé cristã, também se pronunciou sobre o assunto, embasando seu posicionamento na interpretação literal da Bíblia. Segundo ele, a igreja deve acolher a todos, mas não concordar com todos os comportamentos:
“É falso dizer que a igreja evangélica é homofóbica. A igreja de Cristo, segundo o livro do Apocalipse, é aberta a todas as pessoas, mas não a todas as práticas. A nossa base não são decisões da sociedade ou das cortes, mas sim a Bíblia, a Palavra de Deus. O chamado ao arrependimento é para todos — o empresário, o morador de rua, o defensor da homoafetividade. Amamos as pessoas, inclusive tenho amigos homossexuais a quem respeito, mas não concordo com as ideologias que promovem essa prática.”
Hernandes também reforçou a visão biológica tradicional de gênero:
“Gênesis capítulo 1, versículo 26, e capítulo 2, versículo 7, nos ensinam que Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança. Biologicamente, somos definidos por XX e XY. Essa é a estrutura original do ser humano.”
O debate entre essas duas perspectivas — inclusão versus doutrina — reflete uma tensão crescente dentro do campo religioso no Brasil, onde há uma demanda cada vez maior por espiritualidade inclusiva, mas também uma resistência por parte de segmentos que veem essas mudanças como contrárias à tradição bíblica.
