Manaus amanheceu com o transporte público parcialmente comprometido nesta terça-feira (15), em razão de uma paralisação dos rodoviários. Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram), cerca de 30% da frota de ônibus deixou de circular nas primeiras horas do dia, afetando a mobilidade na capital amazonense.
A greve foi deflagrada por volta das 4h, após autorização judicial. A paralisação provocou superlotação nos veículos em operação e aumentou consideravelmente o tempo de espera nas paradas, especialmente nos horários de pico.
Entre as principais reivindicações da categoria estão o reajuste salarial de 12% e a manutenção dos cobradores em linhas operadas por algumas empresas. Os trabalhadores alegam que a retirada desses profissionais compromete tanto o atendimento ao público quanto as condições de trabalho dos motoristas, que ficam sobrecarregados com a função dupla.
Decisão judicial impõe limites à paralisação
O movimento grevista foi autorizado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (TRT-11), que estipulou condições rigorosas para o funcionamento parcial do serviço. De acordo com a decisão, 70% da frota deve operar nos horários de pico — das 6h às 9h e das 17h às 20h — e, nos demais períodos, ao menos 50% dos ônibus devem estar em circulação. O descumprimento da determinação pode gerar multa de R$ 60 mil por hora ao sindicato da categoria.
Além disso, a Justiça proibiu bloqueios nas garagens das empresas e qualquer ação que impeça o funcionamento regular do serviço. Também foi determinada a manutenção de distância mínima de 150 metros entre os manifestantes e as entradas dos estabelecimentos.
Protestos e debate político
Na véspera da paralisação, segunda-feira (14), um grupo de rodoviários realizou um protesto na Câmara Municipal de Manaus (CMM) contra a retirada dos cobradores. Estava prevista a realização de uma audiência pública para discutir o tema, mas a sessão foi adiada, frustrando parte da categoria.
Apesar da pressão dos trabalhadores, a Lei Municipal nº 2.898, de 9 de junho de 2022, autoriza que a cobrança da tarifa seja feita tanto por cobradores quanto por motoristas identificados. A norma, no entanto, não garante a exclusividade da função de cobrador, o que tem sido usado como argumento pelas empresas para justificar a dispensa dos profissionais.
Impacto à população
A paralisação causou transtornos à população manauara, especialmente em bairros mais afastados do centro, onde a frequência dos ônibus já é menor. Nas redes sociais, usuários relataram atrasos, dificuldades para chegar ao trabalho e filas extensas nos terminais. Muitos tiveram de recorrer a transportes alternativos, como mototáxis, aplicativos e caronas, o que elevou a demanda e, consequentemente, os preços desses serviços.
O impasse entre rodoviários e empresas ainda não tem data para ser resolvido. Uma nova rodada de negociações deve ocorrer nos próximos dias, com mediação do TRT.