Manaus (AM) – O senador Plínio Valério (PSDB-AM) manifestou, nesta sexta-feira (4), profunda insatisfação com a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que manteve a suspensão da licença prévia para o asfaltamento da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). A decisão judicial atendeu a um pedido da ONG Observatório do Clima e anulou a autorização concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o parlamentar, a medida representa um grave retrocesso para o desenvolvimento da Amazônia e isola ainda mais o Estado do Amazonas, que permanece sem conexão terrestre com o restante do país por rodovia asfaltada. Plínio criticou duramente o papel das organizações não governamentais que, em sua visão, atuam contra os interesses nacionais.
“Aconteceu o que eu previ: logo, logo, alguma ONGzinha conseguiria reverter a licença. E foi o que fizeram. Anularam e agora vai começar tudo de novo. O que se lamenta é que esses observatórios pequenos, mas com peso desproporcional, acabam condenando o povo do Amazonas ao isolamento”, declarou o senador.
Plínio Valério reforçou que a luta pela pavimentação da BR-319 é uma de suas principais bandeiras no Senado, destacando que Manaus é a única capital do mundo com mais de dois milhões de habitantes sem ligação rodoviária contínua com outra capital. Ele alertou que a falta de infraestrutura compromete o direito constitucional de ir e vir e prejudica a logística de distribuição dos produtos da Zona Franca de Manaus.
“Nos roubam esse direito, que é um preceito constitucional. Essa estrada vai sair, sim. Porque, enquanto eles anulam, nós vamos continuar lutando por ela. Essa é a missão que o povo amazonense me confiou”, completou.
Debate ambiental e desenvolvimento
A BR-319 é alvo de uma longa disputa entre ambientalistas, que apontam riscos irreversíveis à biodiversidade da floresta amazônica, e parlamentares da região Norte, que veem a rodovia como fundamental para a integração econômica, social e territorial da Amazônia.
Organizações como o Observatório do Clima argumentam que a pavimentação poderia acelerar o desmatamento e facilitar o avanço de crimes ambientais. Por outro lado, líderes políticos do Amazonas, Rondônia e Roraima destacam que o projeto já prevê mecanismos de mitigação ambiental e que o isolamento geográfico penaliza milhões de brasileiros, mantendo comunidades na pobreza extrema.
Histórico da rodovia
Construída na década de 1970 durante o regime militar, a BR-319 caiu em desuso nos anos 1980 devido à falta de manutenção. Desde então, sua reconstrução se tornou uma promessa recorrente de diferentes governos, mas sem avanços concretos devido a impasses ambientais, jurídicos e políticos.
Com 885 quilômetros de extensão, a rodovia é considerada estratégica para o abastecimento da capital amazonense e para a redução da dependência do transporte fluvial e aéreo.
Compromisso com a população amazônida
Plínio Valério afirmou que continuará pressionando o governo federal, o Congresso Nacional e os órgãos ambientais para que a pavimentação da BR-319 seja retomada com responsabilidade, mas sem ceder à “tutela estrangeira” que, segundo ele, interfere nos interesses legítimos da população da Amazônia Legal.
“Não estamos pedindo a destruição da floresta. Queremos apenas o básico: estrada, acesso, dignidade. E vamos continuar nossa missão de romper esses cadeados e correntes invisíveis que mantêm o povo na pobreza”, finalizou o senador.