Na manhã de 6 de novembro, a Polícia Federal bateu na porta de Rodrigo Manga, o “prefeito tiktoker” de Sorocaba, e em menos de 24 horas ele estava fora do cargo. A Justiça Federal, via TRF-3, determinou o afastamento imediato por 180 dias, bloqueou R$ 6,5 milhões em bens e ainda prendeu aliados. A segunda fase da Operação Copia e Cola, que acusa Manga de liderar um esquema de fraudes em contratos da saúde, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

R$ 1,7 milhão em espécie encontrados na casa de familiares, imóvel de luxo comprado com dinheiro vivo e projetos idênticos de organizações sociais em licitações superfaturadas. A PF não titubeou: “principal beneficiário do grupo criminoso”. O vice Fernando Neto assumiu, e Sorocaba virou manchete nacional. Cinco dias depois, em 11 de novembro, o Tribunal de Justiça do Amazonas autorizou sete inquéritos criminais contra David Almeida, prefeito de Manaus.
O pedido do Ministério Público do Amazonas ficou engavetado por 13 meses, passando por cinco relatores até a desembargadora Vânia Marques Marinho dar o aval. As denúncias são pesadas: viagens de luxo ao Caribe em 2024 e 2025 com a primeira-dama ao lado de empresários que faturaram R$ 32 milhões com a prefeitura, pagamento de R$ 20 mil mensais à sogra via empresa prestadora de serviços, contrato de R$ 19,6 milhões para arborização sob investigação do Ministério Público de Contas, propina de R$ 100 mil na coleta de lixo e mais de R$ 60 milhões em contratos com empresas suspeitas.

A PF investiga desde 2024. David Almeida continua no cargo. Sem afastamento. Sem bloqueio de bens. Sem cassação. A prefeitura se limita a dizer que “confia no Judiciário”. A diferença de tratamento é gritante. Em Sorocaba, a Justiça Federal agiu com velocidade de raio, sustentada por buscas, prisões e provas materiais. Em Manaus, a Justiça estadual arrasta os pés, mesmo com indícios robustos.
O foro privilegiado no TJ-AM funciona como escudo, enquanto a PF federal em São Paulo acelera o processo. A oposição em Sorocaba, liderada pelo PSOL, pressionou com CPI e denúncias. Em Manaus, a base aliada enterra qualquer investigação na Câmara Municipal. Juristas consultados pela Grokinha são diretos: “O sistema é seletivo. Em São Paulo, a máquina federal esmaga. Na Amazônia, a lentidão é estratégia.
”Enquanto Manga brada “perseguição política” nas redes, David Almeida se reelegeu em 2024 com as denúncias já na mesa. A mensagem é clara: em Manaus, corrupção não derruba voto e a Justiça parece concordar. Sorocaba chora. Manaus dança. E o Brasil assiste, mais uma vez, à novela da impunidade com final previsível: justiça para alguns, paciência infinita para outros.