Quando vivo, Reginaldo Rossi não era muito conectado às redes sociais. Nem chegou a entrar na era dos smartphones: usava um aparelho “old school, no estilo flip”, relata o seu filho único, Roberto Rossi, à BBC News Brasil.
Cinco anos após a morte do cantor, porém, foi a hora de entrar na era digital. A ideia de Roberto não era recriar a personalidade do pai numa rede social, mas fazer uma homenagem a seu legado e deixar sua marca viva junto aos fãs.
O perfil, que hoje conta com mais de 114 mil seguidores só no Instagram, acabou chamando a atenção de outros internautas com comentários bem-humorados, alguns em primeira pessoa, em reportagens e páginas humorísticas.
“Se Recife fosse o Vaticano, quem seria o papa?”, pergunta um perfil de humor. “Alguma dúvida?”, respondeu o perfil de Rossi, levando internautas ao riso. E outra ocasião, um perfil pergunta no Twitter “Como vocês chamam o garçom?”. Rossi responde: “Garçom”, em brincadeira com o título de sua música mais famosa.
Em 2016, o filho do cantor, seu único herdeiro, discutia com amigos como manter a imagem de seu pai ativa na internet e uma forma de divulgar um documentário que seria lançado sobre ele: “Conversamos bastante sobre os perfis a serem seguidos, a forma de abordar e responder a posts de terceiros… E também procuramos observar a forma como meu pai lidava com as pessoas no dia a dia”, explica Roberto.
A decisão de interagir com outras pessoas é, segundo o publicitário George Macedo, que hoje administra a página, a forma natural de alcançar os fãs que ainda não sabem da existência do perfil: “É uma espécie de ‘museu’ virtual. Não existe a pretensão de retratá-lo como se ele estivesse vivo”, conta.
Para a verificação da página, Roberto teve que comprovar com documentos que tinha o direito sobre a imagem e obra artística do seu pai.
O Instagram informou à BBC News Brasil que a verificação de um perfil garante que se trata de uma página oficial, e não necessariamente que é aquela pessoa quem posta. No caso do perfil Reginaldo Rossi, como ele era uma pessoa pública e como o perfil seria mantido pela família e amigos, a empresa entendeu que o perfil poderia ser verificado, levando em consideração os direitos artísticos.
Roberto Rossi conta que, apesar de alguns fãs se surpreenderem quando descobrem que o cantor morreu, a interação gira em torno da admiração que eles têm pela obra de Rossi. Em uma ação de marketing, o perfil usa a hashtag #ReginaldoRossiNãoMorreu, compartilhando fotos de “flagras” de homens que se parecem com cantor nas ruas. Uma fã responde: “seria tão bom se fosse verdade”.