Festival está previsto para setembro e terá Gusttavo Lima, Ivete Sangalo, Ludmilla e mais; prefeitura alega que 80% será pago pela iniciativa privada, mas não apresenta documentos
Manaus (AM) – O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), anunciou na noite desta quarta-feira (9) as atrações e patrocinadores do Sou Manaus – Passo a Paço 2025, que ocorrerá nos dias 5, 6 e 7 de setembro, no Centro Histórico da capital amazonense. O evento, que reúne grandes nomes da música nacional, contará com artistas como Gusttavo Lima, Ivete Sangalo, Ludmilla, Bruno & Marrone, Simone Mendes, MC Livinho, Joelma e muitos outros.
Além dos artistas nacionais, o festival também terá a presença de cerca de 2 mil artistas e projetos culturais locais, consolidando-se como um dos maiores eventos culturais da Região Norte.
Apesar do anúncio robusto, a Prefeitura de Manaus novamente não divulgou o valor total que será gasto com o festival, repetindo a prática de anos anteriores. Em 2023, o prefeito chegou a estimar que o evento custaria cerca de R$ 30 milhões, mas até hoje o valor exato daquela edição nunca foi revelado oficialmente.
Cachês milionários somam quase R$ 9 milhões
Levantamentos feitos com base em contratos de artistas em eventos similares pelo Brasil indicam que, somente os cachês dos artistas já confirmados, ultrapassam R$ 8,9 milhões. Confira abaixo a estimativa de valores pagos por atração:
- Gusttavo Lima – R$ 2.500.000
- Simone Mendes – R$ 800.000
- Ivete Sangalo – R$ 750.000
- Calcinha Preta – R$ 750.000
- Xand Avião – R$ 700.000
- Bruno & Marrone – R$ 700.000
- Ludmilla – R$ 350.000
- Paralamas do Sucesso – R$ 380.000
- Joelma – R$ 300.000
- MC Livinho – R$ 200.000
- Pe. Alessandro Campos – R$ 315.000
- Fernandinho – R$ 200.000
- Xamã – R$ 250.000
- BK – R$ 250.000
- Poesia Acústica e Dubdogz – sem cachê informado
Os valores acima não incluem as três atrações nacionais que ainda serão anunciadas, nem os custos de estrutura, segurança, iluminação, logística e montagem de palcos, o que pode elevar consideravelmente o orçamento final do evento.
Prefeitura promete patrocínio privado, mas sem transparência
Durante o anúncio, David Almeida afirmou que 80,85% dos custos do festival serão cobertos pela iniciativa privada, com apoio de 18 patrocinadores já confirmados e mais seis em negociação. Ele também assegurou que “o dinheiro da cultura será usado para a cultura”.
“O dinheiro da educação é da educação, o da saúde é da saúde, e o da cultura é da cultura. Aplicamos da melhor forma possível. Quando você aprova um orçamento, já tem isso previsto”, disse o prefeito.
Entretanto, nenhum documento oficial foi apresentado para comprovar os aportes da iniciativa privada ou a origem detalhada dos recursos. Não há, até o momento, publicação no Portal da Transparência ou no Diário Oficial com os valores oficiais e contratos de patrocínio.
Lei permite transferência de verba entre áreas
Embora o prefeito afirme que as áreas possuem orçamentos distintos, uma lei municipal aprovada em março de 2024, de autoria da atual gestão, autoriza o remanejamento de até 40% do orçamento total da cidade, que é de R$ 10,5 bilhões para 2025. Isso significa que recursos de saúde, educação ou infraestrutura podem ser legalmente transferidos para a realização de eventos culturais, caso o prefeito deseje.
Cidade enfrenta problemas básicos
Enquanto o festival ganha destaque, bairros como Japiim, Santa Etelvina, Jorge Teixeira, Tancredo Neves e outros da Zona Leste enfrentam problemas como ruas esburacadas, lixo acumulado, praças abandonadas e falta de iluminação pública. Moradores relatam sentimento de abandono e cobram investimentos urgentes em infraestrutura e serviços essenciais.
