MANAUS – O estado de abandono do centro histórico de Manaus foi o foco de uma audiência pública realizada nesta sexta-feira (13), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam). O evento, promovido pelo vereador Coronel Rosses (PL), reuniu autoridades locais e nacionais, incluindo o vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo (PL-SP), e a pré-candidata ao Governo do Amazonas, Professora Maria do Carmo (PL).
Durante o encontro, Maria do Carmo denunciou a ausência de políticas públicas efetivas voltadas para a revitalização da região central da capital amazonense. Segundo ela, o local, que deveria ser símbolo de orgulho e valorização do turismo, encontra-se deteriorado e tomado por problemas sociais graves, como o aumento da população em situação de rua, tráfico de drogas, prostituição e a degradação do patrimônio histórico.
“Tenho um projeto para o Centro, que é muito bonito, de reurbanização e reocupação. Podem contar comigo. Entrei na política para fazer a diferença. O que falta é vontade política de quem está no comando. Enquanto não tivermos governantes engajados, nada muda”, afirmou a pré-candidata.
Maria do Carmo, que é mestre e doutora em Direito, relatou sua experiência em São Paulo, onde vivenciou de perto a realidade da ‘Cracolândia’ durante seu período de mestrado. Segundo ela, apesar dos desafios na capital paulista, há iniciativas que mostram que “quem quer fazer, faz”. “Manaus ainda está longe da gravidade do que vi em São Paulo. Tem solução, mas falta vontade de agir”, frisou.
Situação de rua em Manaus e no Brasil
Com base em dados oficiais da Prefeitura de Manaus divulgados em 2024, cerca de 1.600 pessoas vivem em situação de rua na capital amazonense. “E o que o poder público oferece para acolher essas pessoas é uma única casa de passagem com capacidade para apenas 80 indivíduos. Uma vergonha!”, criticou Maria do Carmo, ao destacar a ausência de centros de reabilitação e de uma política séria de enfrentamento à dependência química.
No cenário nacional, o problema é ainda mais alarmante. Segundo o Censo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado em 2023, o Brasil ultrapassou 281 mil pessoas em situação de rua, um crescimento de mais de 230% em uma década. Entre os principais fatores estão a desigualdade social, o desemprego, a falta de moradia e o uso abusivo de substâncias psicoativas.
“A gente precisa parar de tapar o sol com a peneira. É preciso ir à raiz do problema e cobrar soluções de quem tem obrigação de agir. É inadmissível que em pleno século 21 ainda tenhamos essa omissão diante de uma crise humanitária como essa”, destacou a empresária, que lidera o projeto de resgate histórico da Santa Casa de Misericórdia de Manaus – prédio tombado pelo Iphan que será transformado em hospital universitário com atendimento pelo SUS.