Homem apaixonado é preso após fugir 1.100 km de Biz com menina de 12 anos no Amazonas ; veja detalhes

28 de maio de 2025 às 16:39 - Horário de Manaus

Por Redação Vizinho TV Para o Vizinho TV

Tabatinga (AM) – A prisão de um homem de 18 anos, na segunda-feira (26), acusado de estupro de vulnerável contra uma adolescente de 12 anos, acendeu um alerta para os riscos crescentes relacionados ao uso das redes sociais por crianças e adolescentes, especialmente em regiões de difícil acesso e com fragilidades na estrutura familiar e de segurança.

De acordo com a Polícia Civil, a menina fugiu de casa para encontrar o suspeito, com quem mantinha contato por um aplicativo de mensagens. Ela viajou até o município de Tabatinga, a mais de 1.100 quilômetros de Manaus, onde foi localizada pelas autoridades. O caso só foi descoberto após os pais denunciarem o desaparecimento à Delegacia Especializada de Polícia (DEP) de Tabatinga.

A prisão foi realizada por equipes da 51ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Benjamin Constant, com apoio da Guarda Civil Municipal (GCM) e da Secretaria Municipal de Segurança Pública. A ação integra a Operação Caminhos Seguros, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que busca combater crimes sexuais, tráfico de pessoas e exploração de menores em todo o território nacional.

Relações desiguais e crimes silenciosos

O crime de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal, independe de consentimento ou aparente “relacionamento” entre vítima e agressor. A legislação brasileira é clara ao considerar menores de 14 anos incapazes de consentir com qualquer ato de natureza sexual.

Especialistas apontam que, em muitos casos, como este, há uma tentativa de disfarçar a violência sob a aparência de um “relacionamento consensual”, o que contribui para a subnotificação e dificulta o combate a essas práticas. Além disso, o acesso facilitado a aplicativos e redes sociais, somado à falta de orientação e supervisão, amplia a vulnerabilidade desses menores.

Tecnologia como aliada e ameaça

Neste caso, foi o rastreamento do celular da vítima que permitiu às autoridades localizá-la rapidamente e prender o suspeito em flagrante. No entanto, o mesmo ambiente digital que possibilitou o resgate, foi também o meio por onde o aliciamento ocorreu — o que mostra a ambiguidade das tecnologias de comunicação no contexto da proteção infantojuvenil.

“A abordagem aconteceu no porto da cidade, onde o suspeito aguardava a vítima com uma motoneta vermelha”, explicou o delegado Yuri Luiz Oliveski. Segundo ele, a resposta rápida só foi possível graças ao apoio da Central de Monitoramento da Secretaria de Segurança.

Reflexão social e responsabilidade compartilhada

O caso de Tabatinga não é isolado. Ele revela um problema estrutural: a falta de políticas públicas consistentes para a educação digital, a proteção da infância e o combate à violência sexual no interior da Amazônia e em outras regiões periféricas.

Apesar dos esforços da Operação Caminhos Seguros, a prevenção ainda é frágil. Especialistas defendem que escolas, famílias, plataformas digitais e governos compartilhem a responsabilidade por proteger crianças e adolescentes de situações de risco, tanto no ambiente físico quanto virtual.

Enquanto o suspeito aguarda audiência de custódia, o caso serve de alerta: o perigo não está apenas nas ruas, mas muitas vezes começa dentro de casa, com uma mensagem na tela de um celular.