Amazonas – Um crime de extrema brutalidade abalou a comunidade indígena Boa Vista, pertencente à etnia Sateré-Mawé, na região do rio Andirá, zona rural do município de Barreirinha (a 331 km de Manaus). Um adolescente de 17 anos foi apreendido na tarde desta quinta-feira (9) após confessar ter assassinado e esquartejado os próprios irmãos, de 2 e 5 anos de idade.
Segundo informações repassadas pela Polícia Militar do Amazonas (PMAM), o caso foi denunciado pela própria mãe das vítimas, que ficou em estado de choque ao encontrar as crianças mortas dentro da aldeia. O jovem também teria matado o cachorro da família e cavado duas covas para tentar ocultar os corpos, o que aumentou ainda mais a revolta entre os moradores locais.

Durante o interrogatório, o adolescente confessou o crime e, de forma fria, afirmou que “sua parte já havia sido feita”. Ao ser transferido para o município de Parintins, ele acrescentou um novo elemento à investigação: alegou que o duplo homicídio teria sido encomendado por um tio, cuja identidade ainda não foi divulgada. A Polícia Civil investiga a veracidade dessa versão.
Clima de revolta na aldeia
A notícia do assassinato causou uma comoção sem precedentes entre os indígenas da etnia Sateré-Mawé. Moradores relataram momentos de desespero e revolta, o que levou as autoridades a transferirem o adolescente às pressas da 42ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Barreirinha para outra unidade policial, por motivos de segurança.
Suspeita de uso de drogas e ritual macabro
Fontes ligadas à investigação afirmaram que o adolescente apresentava comportamento alterado e possivelmente estaria sob efeito de entorpecentes ou em surto psicótico no momento do crime. A brutalidade e a forma como os corpos foram tratados indicam que o ato pode ter sido premeditado, embora essa hipótese ainda dependa de laudos periciais e análise psicológica do suspeito.
Corpos levados a Parintins
Os corpos das duas crianças foram levados ainda na noite de quinta-feira para o Instituto Médico Legal (IML) de Parintins, onde passaram por exame de necropsia. Após os procedimentos legais, deverão ser entregues à família para sepultamento na própria aldeia.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso e ouvir outras testemunhas da comunidade. O Conselho Tutelar e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) também foram acionados para acompanhar a situação e oferecer apoio à família e à comunidade.