A Prefeitura de Manaus inaugurou uma escultura de um anjo de máscara segurando um par de pulmões na entrada do Cemitério Nossa Senhora de Aparecida, no Tarumã. A homenagem foi feita às centenas de pessoas que morreram durante a crise de oxigênio na pandemia da COVID-19.

No entanto, o que gerou revolta entre os familiares das vítimas foi a aparente falta de cuidado na execução da obra. Muitos consideram a escultura “meia boca”, lembrando que a Prefeitura investe milhões em grandes eventos passageiros, enquanto um memorial digno para as vítimas da pandemia parece ter recebido atenção e recursos mínimos.

A indignação não é apenas estética. O cemitério guarda lembranças dolorosas: centenas de pessoas foram enterradas em valas coletivas, algumas sem que os familiares sequer pudessem se despedir, em um cenário que muitos classificaram como “enterro de bicho”.

Nas redes sociais, moradores e parentes expressaram sua frustração, sugerindo alternativas mais respeitosas, como um memorial com pedras de mármore, nomes das vítimas gravados e espaço para acender velas. Para eles, seria uma forma de prestar homenagem de verdade, em contraste com o gasto milionário em festas e eventos da cidade, enquanto o mínimo para memória das vítimas foi negligenciado.
![]()
O episódio evidencia, mais uma vez, a distância entre a gestão municipal e a população, deixando clara a prioridade da Prefeitura em mostrar glamour em vez de dar dignidade às pessoas que perderam a vida em um dos momentos mais trágicos da história recente de Manaus.
![]()