BRASÍLIA — Em discurso contundente durante sessão plenária no Senado Federal nesta terça-feira, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) voltou a criticar o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acusando o órgão de criar, de forma fraudulenta, novas áreas de proteção ambiental na Amazônia. Segundo ele, essas medidas estão expulsando produtores rurais, impedindo o desenvolvimento de projetos de infraestrutura e condenando milhões de amazônidas a uma condição que classificou como “semi-escravidão moderna”.
Plínio afirmou que há uma articulação entre órgãos ambientais, setores do Judiciário e o Ministério do Meio Ambiente, sob o comando da ministra Marina Silva, para impor uma agenda restritiva na região.
“Enquanto o Supremo Tribunal Federal sufoca e tira a liberdade, o ICMBio tira o nosso sustento”, protestou o senador.
Ele destacou que o estado do Amazonas já possui 97% de sua área preservada e questionou se vale a pena manter tantos entraves ambientais enquanto 60% da população vive abaixo da linha da pobreza.
“Tudo em nome da floresta, tudo em nome do meio ambiente. Mas nós sabemos cuidar da floresta. A pergunta que não quer calar: vale a pena preservar tanto assim?”, disse.
Plínio também relembrou protestos anteriores contra a criação de uma reserva para proteger entre 100 e 150 exemplares do sauim-de-coleira — medida que, segundo ele, resultará na remoção forçada de mais de 10 mil pessoas, incluindo extrativistas e pequenos produtores rurais que cultivam alimentos como abacaxi, cacau, mamão e café. A área prevista é equivalente a 15 mil campos de futebol.
Em Apuí, por exemplo, onde 79% do território já é protegido, a criação de novas reservas ambientais está ameaçando projetos agrícolas que empregam centenas de famílias e movimentam a economia local.
“Nesse mundo tão invertido, em que não sabemos mais o que é certo ou errado, o que direi aos meus netos? Meu pai me ensinou a lutar pelo que é justo. E eu não vou desistir”, desabafou o senador.
Por fim, Plínio fez um apelo por resistência diante do que chamou de “máquina ambiental” que, segundo ele, desconsidera as necessidades de 25 milhões de pessoas que vivem na Amazônia e precisam sobreviver com dignidade.