Manaus – O deputado estadual Carlinhos Bessa (PV) retirou, nesta semana, sua assinatura do requerimento que solicitava a criação da CPI do Asfalta Manaus, comissão destinada a investigar a aplicação de R$ 187 milhões repassados pelo Governo do Amazonas à Prefeitura de Manaus para obras de recapeamento asfáltico na capital.
A decisão provocou forte repercussão nos bastidores políticos e gerou críticas severas de opositores, que apontam falta de independência do parlamentar. Bessa não apresentou justificativa oficial no documento encaminhado à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), mas interlocutores afirmam que a retirada teria ocorrido após pressões de “forças superiores e ocultas”, reforçando a imagem de um político supostamente “teleguiado” e pouco autônomo nas decisões.
A CPI, proposta por parlamentares de oposição, pretendia apurar possíveis irregularidades na destinação dos recursos milionários, que poderiam, segundo especialistas, ter sido investidos em áreas críticas como saúde e segurança pública — setores que continuam enfrentando falta de medicamentos, déficit de profissionais e altos índices de criminalidade.
Com a saída de Bessa e a retirada de apoio dos deputados Dan Câmara (Podemos) e Cristiano D’Angelo (MDB), a investigação sofreu um duro golpe, tornando mais difícil atingir o número mínimo de assinaturas necessárias para a sua instalação.
Pressão política e desgaste público
A atitude de Carlinhos Bessa ocorre em um momento em que seu mandato já é alvo de questionamentos. O parlamentar está sendo investigado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por suspeita de descumprimento da Resolução nº 23.679/2022 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso fique comprovada a infração, ele poderá responder por crime de desobediência, previsto no artigo 347 do Código Eleitoral, com pena de até um ano de detenção.
Além disso, críticos apontam que a atuação de Bessa na Aleam tem sido apática, marcada pela ausência de grandes projetos e pouca participação em debates relevantes. Essa percepção de passividade, somada às recentes decisões polêmicas, tem ampliado o desgaste de sua imagem perante o eleitorado.
O que está em jogo
Se aprovada, a CPI do Asfalta Manaus poderia abrir caminho para convocações, quebras de sigilo e inspeções in loco nas obras de recapeamento, trazendo à tona informações sobre possíveis superfaturamentos, contratos direcionados e falhas na execução dos serviços. A retirada de assinaturas, no entanto, enfraquece o alcance dessas investigações e pode manter sob sigilo dados de interesse público.
Enquanto isso, a população segue cobrando transparência e responsabilidade no uso dos recursos públicos, sobretudo em um cenário de dificuldades econômicas e precariedade nos serviços essenciais.