Um pedido apresentado pela defesa do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, teve a negativa da Justiça Federal em caráter liminar nesta terça-feira. O banqueiro segue preso após ser detido na segunda-feira, dia (17), durante uma ação da Polícia Federal.
A análise ficou a cargo da desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A defesa havia solicitado a liberdade de Vorcaro após ele ser preso no momento em que passava pelo raio-x do Aeroporto de Guarulhos.
Os advogados anunciaram que irão recorrer, mas ainda avaliam quais medidas serão adotadas. Segundo a magistrada, há elementos que reforçam a posição de liderança de Vorcaro em um esquema que disponibilizava ao mercado títulos de crédito e valores mobiliários considerados “inexistentes” ou “podres”, todos emitidos por empresas de fachada vinculadas ao Banco Master.
A desembargadora também citou que o grupo sob investigação demonstrava estrutura consolidada, alto poder econômico e atuação prolongada, com crimes financeiros praticados ao longo de anos. Ela ponderou que medidas alternativas, como monitoramento eletrônico ou recolhimento domiciliar, não seriam suficientes para impedir a continuidade das irregularidades.
No entendimento da magistrada, há fortes indícios de que a organização criminosa permaneceu atuante, com uso de informações falsas e criação de narrativas enganosas para o Banco Central. A combinação desses fatores, aliada ao poder econômico envolvido, representa risco à ordem pública e econômica.
As investigações apontam que Vorcaro é um dos líderes do grupo suspeito de causar prejuízos bilionários ao sistema financeiro nacional.
O QUE A DEFESA ALEGOU
Os advogados negam que tenha havido tentativa de fuga. Eles afirmam que o embarque para Dubai ocorreu apenas porque a aeronave faria uma parada técnica em Malta para reabastecimento, e que o voo estava dentro da normalidade.
A defesa afirma ainda que não existe risco atual que justifique a prisão preventiva, e que a decisão judicial se baseia no tamanho do prejuízo financeiro, e não em elementos que indiquem obstrução das investigações. Eles alegam também que a Justiça estaria usando a prisão como forma de facilitar a apuração dos fatos.
Para rebater o argumento de continuidade delitiva, a defesa sustenta que a liquidação do Banco Master pelo Banco Central elimina qualquer possibilidade de prática de novos crimes ligados à gestão da instituição. No entanto, a Justiça considera que, mesmo após a liquidação, investigados ainda poderiam atuar para ocultar irregularidades já cometidas.
O habeas corpus foi assinado por escritórios de renome na área criminal e empresarial, incluindo Pierpaolo Cruz Bottini, Walfrido Warde, Sergio Leonardo e Roberto Podval.