AMAZONAS – Um grave episódio de desrespeito à liberdade de imprensa marcou a sessão da Câmara Municipal de Itacoatiara, no Amazonas, na noite desta terça-feira (14). O vereador Igor Magalhães protagonizou uma cena de autoritarismo ao ordenar a retirada do jornalista Melk Santos, do Portal Online Multimídia, sob ameaça explícita de algemá-lo caso não obedecesse.
O confronto ocorreu durante a votação que discutia a manutenção do mandato do vereador Jucinei Freire da Silva, conhecido como Ney Nobre (MDB). Ele foi condenado pela Justiça Federal do Amazonas a mais de dez anos de prisão por fraudes em financiamentos rurais do Banco da Amazônia (BASA), por meio do Pronaf. Apesar da condenação, Ney Nobre continuará em liberdade para recorrer da decisão, o que gerou questionamentos e críticas durante a sessão.
No auge das discussões, o vereador Igor Magalhães fez ataques generalizados à imprensa, afirmando:
“Eu peço para as pessoas que estão assistindo que não acreditem em tudo que se passa em portais, live. Quer saber como anda o procedimento? Que venha a esta Casa, que assista. Hoje qualquer um abre um portal e dá como verdade.”
A declaração provocou reação imediata do jornalista Melk Santos, que tentou se manifestar em defesa da categoria. No entanto, ele foi interrompido e advertido a se retirar. Em seguida, o vereador elevou o tom e ameaçou:
“Eu peço que você se retire, senão será algemado.”
Constrangido, o jornalista deixou o plenário sob protestos silenciosos e olhares de indignação.
Jornalista denuncia censura e abuso de poder
Em entrevista após o episódio, Melk Santos explicou que sua reação foi motivada pelos ataques à imprensa:
“Quando ele citou os portais, eu me levantei e pedi a palavra. Foi quando o presidente disse: ou você fica calado ou sai da Câmara. O vereador Igor então afirmou que quem manda na Câmara são os vereadores. Eu respondi que quem manda é o povo. Se eles não sabem ser cobrados, que peçam para sair”, relatou o repórter.
Santos também manifestou sua revolta com o tratamento recebido:
“Quer dizer que a gente só serve em época de eleição, quando eles precisam da imprensa para divulgar o trabalho deles? Quando é para cobrar transparência, somos atacados?”
Repercussão e repúdio
O caso gerou forte repercussão entre comunicadores e veículos de imprensa locais, que classificaram a atitude como censura e abuso de autoridade. Ainda na noite de terça-feira, representantes de diversos sites de Itacoatiara se reuniram em solidariedade ao jornalista e emitiram nota conjunta de repúdio ao comportamento do vereador Igor Magalhães.
O episódio levanta preocupações quanto ao respeito à liberdade de expressão e ao papel fiscalizador da imprensa em ambientes democráticos, especialmente dentro das Casas Legislativas.
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