MANAUS (AM) – O senador Plínio Valério (PSDB-AM) se reuniu nesta semana com lideranças indígenas de diversas etnias que hoje vivem no bairro Cidade das Luzes, na zona Norte de Manaus. Estima-se que mais de 75 mil indígenas estejam vivendo em condições de extrema vulnerabilidade na capital amazonense, após deixarem suas aldeias em busca de melhores condições de vida. A maioria denuncia o abandono por parte de ONGs estrangeiras e a ausência de políticas públicas efetivas por parte do Estado.
De acordo com os relatos ouvidos por Plínio, muitas dessas famílias foram usadas por organizações não governamentais para pressionar a demarcação de terras indígenas, mas após o processo, foram deixadas sem qualquer tipo de apoio, sem acesso a saúde, educação, transporte ou geração de renda. Impedidos por órgãos como o ICMBio e o Ibama de explorarem os recursos naturais de suas próprias terras, muitos indígenas acabam fugindo para as periferias de Manaus em busca de sobrevivência.

“Esses indígenas são mantidos em verdadeiros ‘zoológicos humanos’, cercados e proibidos de produzir ou plantar, apenas para manter a imagem de floresta intocada para agradar interesses estrangeiros. Bilhões entram nos cofres das ONGs, mas os indígenas continuam passando fome”, denunciou o senador durante a reunião.
Segundo Plínio, o abandono dessas comunidades também já foi amplamente denunciado durante os trabalhos da CPI das ONGs, da qual ele é um dos principais articuladores. O parlamentar reafirmou seu compromisso com os povos tradicionais e criticou duramente o modelo de exploração internacional que utiliza os indígenas como ferramenta de captação de recursos, mas sem garantir retorno social para as comunidades.

Projeto de emendas e ações concretas
Plínio tem direcionado emendas parlamentares para financiar iniciativas que atendam diretamente os povos indígenas, como projetos de agricultura familiar, compra de embarcações, implantação de antenas de internet, geradores de energia, poços artesianos, postos de saúde, UBS flutuantes, casas de farinha, caminhonetes para transporte comunitário e até investimentos em turismo sustentável como forma de geração de emprego e renda.

Em um encontro recente com o líder indígena Edinho Kokama, da Aldeia São José, localizada no município de Santo Antônio do Içá, no Alto Solimões, Plínio recebeu uma nova demanda: a liberação de R$ 175 mil via emenda para a compra de cinco triciclos que serão usados no deslocamento e transporte entre cinco aldeias da etnia Kokama.

“É inadmissível que tantas famílias indígenas estejam abandonadas tanto nas suas terras quanto quando buscam socorro na capital. A omissão do poder público e o cinismo das ONGs precisam ser enfrentados”, afirmou o senador.
A situação dos indígenas em Manaus escancara um problema estrutural na política indigenista brasileira: a falta de planejamento para garantir autonomia, infraestrutura e condições dignas para que os povos originários possam viver com dignidade – seja em suas aldeias ou nos centros urbanos.